sexta-feira, 21 de maio de 2010

A primeira tarefa dos aprendizes

Hoje, sexta-feira, estivemos na Gazeta AM para uma reunião com Leandro Siqueira, onde tratamos sobre algumas características do rádio e ainda tivemos a oportunidade de participar do programa Espaço Interativo, com Rosemar Santos, em que cada aprendiz fez uma rápida apresentação e comentou sobre a experiência de participar do projeto e a expectativa em relação à Copa do Mundo. Na noite anterior, tivemos a tarefa de acompanhar a palestra de Juca Kfouri pelo Diálogos Universitários para produzir uma reportagem de dois minutos. Com a parceria de Diogo Paz, coletamos os dados e tratamos de cumprir este primeiro desafio.

Durante o evento, Juca Kfouri começou sua fala em tom descontraído. Brincou com os colorados , que estavam atentos ao jogo de seu time na Libertadores, contra o Estudiantes. Lamentou o mau momento do Corinthians, por quem já fez até promessa. "O Brasil não é o país da Copa", afirma Juca. Para ele, nossa seleção é a primeira no mundo do futebol, somos os únicos pentacampeões. " O povo brasileiro acredita que temos a obrigação de ganhar, somos protagonistas. As outras 31 seleções são apenas figurantes", destacou. Em uma pesquisa que cita, a Argentina tem apenas 6% de sua população que não se interessa por futebol. Já no Brasil, esse número sobe para 25%." Isso prova que nosso povo gosta da festa, quem não gosta de futebol quer compartilhar, pertencer. Copa é motivo de congregação", afirma.

De forma muito engraçada, Juca contou sobre as suas experiências em cobertura de Copa do Mundo e a evolução tecnológica através dos anos. Ele conta situações curiosas que viveu na carreira e lembra que hoje os recursos informativos são abundantes para cobrir uma evento desta dimensão. O jornalista resgatou fatos que ocorreram na época de ditadura militar no país. Apaixonado por futebol, lembrou que na Copa de 1970, em que o Brasil conquistou o tricampeonato, a repressão era grande, mas que "o regime não iria roubar a sua paixão. O time está jogando pelos brasileiros e não pelos generais".

Na sequência, outros assuntos foram abordados, como a convocação de Dunga. Com firmeza, apontaouque algumas escolhas do treinador foram equivocadas. Sobre a Copa de 2014, no Brasil, ressaltou que "o país tem condições de fazer a Copa. O problema é querer se igualar a Alemanha, por exemplo, em 2006". Para ele, as políticas públicas devem agir de forma correta para que não tenhamos obras superfaturadas e estruturas que não serão aproveitadas posteriormente. A referência são os Jogos Panamericanos de 2007, no Rio de Janeiro, que tinha previsão de gastos em torno de R$ 400 mi e na realidade, chegaram a R$ 4 bi. Além disso, o Engenhão, estádio mais moderno do país, não está entre os selecionados para a Copa. As promessas como a despoluição da Baía da Guanabara e Lagoa Rodrigo de Freitas e ainda a construção de novas linhas de metrô, não saíram do papel.

Outro assunto apareceu através das perguntas dos estudantes. É sobre o futebol como negócio. Juca considera que o futebol é "uma indústria do entretenimento. É uma alavanca de negócios. As coisas são subjetivas e os valores exorbitantes contribuem para que sejam praticados crimes como lavagem de dinheiro através dos clubes. Os dirigentes, por exemplo, vivem em um sistema de troca de valores". Para ele, a política está presente em tudo e no esporte, deve investir como fator de prevenção dos problemas de saúde.

A sua presença foi importante. Juca Kfouri é um dos jornalistas esportivos mais respeitados do país e tem muito conhecimento no assunto. Por isso, os aprendizes puderam absorver muitas informações interessantes em um clima que parecia muito mais de uma conversa do que uma palestra propriamente dita. O auditório estava quase lotado e tenho certeza que os admiradores do futebol gostaram muito de ter participado.

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